Sandrali de Campos Bueno**
O “Vinte de Novembro” proposto e promovido pela primeira vez no Brasil
em 1971, pelo Grupo Palmares de porto Alegre, transformou-se no Dia Nacional da
Consciência Negra a partir de 1990, por iniciativa do Movimento Negro Unificado.
A data assinala a morte de Zumbi, o grande líder do Quilombo de
Palmares, que foi atraiçoado e morto em 20 de novembro de 1695.
Embora a história oficial não faça uma interpretação correta sobre a
organização dos negros conta a escravidão no Brasil, é importante resgatar que
o Quilombo de Palmares foi a maior e mais importante comunidade independente do
Brasil Colônia que por um século desafio foi o sistema escravocrata brasileiro.
A República de Palmares alem de exemplo de capacidade de resistência,
organização e luta também se constitui na referencia histórica negra brasileira
de um sistema de governo progressista, sistema este que fundava seus princípios
na cultura e organização sócio-política africanas, superando o colonialismo
mercantilista que escravizava e impedia o surgimento da nacionalidade
brasileira. Palmares estava a serviço da comunidade negra, mas abrigava
brancos, índios e mestiços, expressando a ética socialista no cotidiano das relações
e colocando o poder a serviço da comunidade.
Por tudo isto, ousamos dizer que a revolução dos negros no Quilombo de
Palmares, não é só a maior façanha política e militar no período do Brasil
Colonial. Palmares é uma referência para a Humanidade e mesmo que o sistema e a
história oficial ainda neguem em reconhecer Zumbi como um líder nacional, o
chefe da Republica de Palmares representou a força política progressista e experiência
social como marco de construção de nacionalidade através da resistência, luta e
desafio ao sistema escravocrata brasileiro.
Novembro, 1994.
(Fonte de
pesquisa: GALDINI, LUIZ. Palmares. Editora Ática, 1993.)
Texto publicado na Revista do SEMAPI em jan,1995.
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