sábado, 8 de novembro de 2014

De morte se vive


                                   Por Sandrali de Campos Bueno
Uma homenagem ao meu mano Nilson Souza de Campos.
*14/03/54
+08/11/14
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A morte é o entardecer da vida: é ver o sol sumindo, no espelho da lagoa, na ilusão da certeza de não mais alvorecer.
A vida é o alvorecer da morte: é ver o sol surgindo, por detrás do monte, na realidade da incerteza de outro entardecer.

A morte é presença viva na vida de quem nasce: é ter o sorriso consolado pela ausência da tua presença.
A vida é ausência mortal na morte de quem renasce: é ter o choro acalentado pela presença da tua ausência.
A morte me traz certeza de que amanhã será desapego: é o futuro desassossegando o presente do passado.
A vida me faz crer na incerteza de que hoje tenho o sossego: é o presente desapegando o futuro do presente.
A morte é a crença na chegada da parada do viver: é o horizonte se transformando em um único ponto final.
A vida é a descrença na partida da corrida do morrer: é um ponto final se permutando em uma infinita linha de horizonte.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O tom do meu amor



                          Por Sandrali de Campos Bueno

Amo-te em som e em silencio
Quando em som
Meu canto é um murmúrio
Quando em silencio
Canto em alto e  bom tom.

Amo-te na chegada e na despedida
quando chego me rejuvenesço
por entre as portas de saída,
quando parto me envelheço
por entre as janelas que se fecham.

Amo-te na leitura ruidosa e na escrita silenciosa
quando leio atinjo minha alma
na profundeza das letras que falam
quando escrevo ,de ti me aproximo
com a leveza das vozes que  acalmam
                        (Sandrali)

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Entre crespos ou lisos.




                  Por Sandrali de Campos Bueno       
Crespos te quero lisos,
Mas se lisos me perco em guizos,
 Sonoridade de reflexos em pisos.
 Lisos te quero crespos,
 Mas se crespos me vejo em arremessos
 De contas, pedras e colares,
 Lançados de muitos lugares.

Lisos, cadê os crespos?
Crespos se tornaram lisos
Pela imposição dos meus tropeços
Nas peripécias dos meus juízos
Desencontrados dos prejuízos
Causados pelos apegos.

Lisos te quero crespos
Pois se lisos me encrespo
Na lisura e nos adereços
Que de mim não fazem apreço
Por estranharem tantos pesares.

Crespos te reencontrei libertos,
Por entre lenços e turbantes saíram
Dos caminhos dantes abertos
Por afagos, sorrisos e olhares
Das mulheres que me pariram.
                                                30/10/2014