Sou filha de santo de Enio d' Oxum Pandá Miuwá. Prima de Enio Souza Conceição.
Por quarenta e um anos Ele me cuidou, mesmo sem que eu precisasse
pedir, um cuidado incondicional, fiel e companheiro. Eu o levava à
escola, quando criança, mas foi Ele quem me fêz a religiosa que sou. Teve a paciência de
esperar eu me encontrar... e enquanto isto não acontecia, Ele zelou por
mim e pelos meus orixás.
De repente, o vento veio forte. Soprou com intensidade avassaladora,
derrubando tudo em volta, misturando terra e água, transformando tudo
em barro. O Rio foi ao encontro do Mar e as Aguas se misturaram na
imensidão oceânica.
E eu ? Eu me curvei humildemente como uma taquara. Não sou coqueiro.
Os coqueiros resistem à ventania mas quando tombam não tem como se
re-erguer e... "quanto mais alto pior é o tombo".
Sou taquara: esperarei a ventania passar. E quando ela passar ...
estarei dignamente erguida. Estarei erguida porque Ele fêz de mim uma
bela taquara e, mais que isto, sou hoje um taquaral.
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