Do Curso de Arteterapia...
‘NÃO COBIÇO NEM DISPUTO OS TEUS OLHOS’
NÃO ESTOU
SEQUER À ESPERA QUE ME DEIXES VER ATRAVÉS DOS TEUS OLHOS
NEM SEI
TAMPOUCO SE QUERO VER O QUE VÊEM E DO MODO COMO VÊEM OS TEUS OLHOS
NADA DO QUE
POSSAS VER ME LEVARÁ A VER E A PENSAR CONTIGO
SE EU NÃO
FOR CAPAZ DE APRENDER A VER PELOS MEUS OLHOS E A PENSAR COMIGO
NÃO ME
DIGAS COMO SE CAMINHA E POR ONDE É O CAMINHO
DEIXA-ME
SIMPLESMENTE ACOMPANHAR-TE QUANDO EU QUISER
SE O
CAMINHO DOS TEUS PASSOS ESTIVER ILUMINADO
PELA MAIS
CINTILANTE DAS ESTRELAS QUE ESPREITAM AS NOITES E OS DIAS
MESMO QUE
TU ME PERCAS E EU TE PERCA
ALGURES NA
CAMINHADA CERTAMENTE NOS REENCONTRAREMOS
NÃO ME
EXPLIQUES COMO DEVEREI SER
QUANDO UM
DIA AS CIRCUNSTÂNCIAS QUISEREM QUE EU ME ENCONTRE
NO ESPAÇO E
NO TEMPO DE CONDIÇÕES QUE TU ENTENDES E DOMINAS
SEMEIA-TE
COMO ÉS E OFERECE-TE SIMPLESMENTE À COLHEITA DE TODAS AS HORAS
NÃO ME
PRENDAS AS MÃOS
NÃO FAÇAS
DELAS INSTRUMENTO DÓCIL DE INSPIRAÇÕES QUE AINDA NÃO VIVI
DEIXA-ME
ARRISCAR O MOLDE TALVEZ INCERTO
DEIXA-ME
ARRISCAR O BARRO TALVEZ IMPRÓPRIO
NA OFICINA
ONDE GANHAM FORMA E PAIXÃO TODOS OS SONHOS QUE ANTECIPAM O FUTURO
E NÃO ME
OBRIGUES LER OS LIVROS QUE EU AINDA NÃO ADIVINHEI
NEM QUEIRAS
QUE EU SAIBA O QUE AINDA NÃO SOU CAPAZ DE INTERROGAR
PROTEGE-ME
DAS INCURSÕES OBRIGATÓRIAS QUE SUFOCAM O PRAZER DA DESCOBERTA
E COM O SILÊNCIO
(INTIMAMENTE SÁBIO) DAS TUAS PALAVRAS E DOS TEUS GESTOS
AJUDA-ME
SERENAMENTE A LER E A ESCREVER A MINHA PRÓPRIA VIDA
(RUBEM ALVES, in A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR. SÃO PAULO: PAPIRUS, 2001)
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