Zélia disse:
"Ele viveu e aperfeiçoou o melhor que Ele era e despertou-espelhou em ti o belo que és. Voces partilharam uma Herança comum que flui através do Rio, do rio que Ele foi , do rio que Tu és..."
Espaço para idéias e ideais da minha mãe. Um lugar onde poderemos compartilhar dos seus pensamentos, daquilo que lhe alegra, daquilo que lhe indigna.. das coisas que ela ama, das coisas que ela pensa, das coisas pelas quais ela luta... É um espaço como a minha mãe, que não é só minha e da minha irmã mas é da Zélia,dos meus tios, das minhas primas, da família religiosa, do mundo... Winnie, filha da Sandrali.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Referência
Um trecho de uma mensagem da minha comadre e companheira de luta
...quanto à luta.........compreendo a tua indignação mas por favor não baixe o nível , porque para nós, do movimento e para os negros do bem do governo, tu és nossa referência de elegância, superação e prestigio, sei que vais dizer para que serve tudo isso????
mais adiante a história nos mostrará,
te amo muito,
Lanna Campos
...quanto à luta.........compreendo a tua indignação mas por favor não baixe o nível , porque para nós, do movimento e para os negros do bem do governo, tu és nossa referência de elegância, superação e prestigio, sei que vais dizer para que serve tudo isso????
mais adiante a história nos mostrará,
te amo muito,
Lanna Campos
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Pela esperança...
Escrito em 1996
Companheira Sandrali
Quando me apresentaram teu nome fui tomada pela emoção. Em minutos, passou pela minha mente o “filme” de minha vida.
A luta diária pela sobrevivência, para derrubar barreiras, preconceitos e a exclusão social.
A busca permanente da esperança. Da mudança. De novos rumos para uma sociedade mais justa. Minha identificação foi imediata. O teu desafio de enfrentar esta batalha, também é meu. Conta com meu apoio.
Sandrali és mulher, negra, educadora, psicóloga, carnavalesca e ialorixá. Guerreira e socialista. Posso pedir mais de alguém?
1996
Iria Charão Rodrigues
Companheira Sandrali
Quando me apresentaram teu nome fui tomada pela emoção. Em minutos, passou pela minha mente o “filme” de minha vida.
A luta diária pela sobrevivência, para derrubar barreiras, preconceitos e a exclusão social.
A busca permanente da esperança. Da mudança. De novos rumos para uma sociedade mais justa. Minha identificação foi imediata. O teu desafio de enfrentar esta batalha, também é meu. Conta com meu apoio.
Sandrali és mulher, negra, educadora, psicóloga, carnavalesca e ialorixá. Guerreira e socialista. Posso pedir mais de alguém?
1996
Iria Charão Rodrigues
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Tem boi na linha...
Resposta a um caríssimo companheiro...
Tem boi na linha? De que boi está falando, companheiro?
Realmente na nossa linha tem boi e, para ser mais explícita, tem uma boiada. São inquestionáveis os avanços referentes às ações afirmativas aprovadas no ultimo Congresso do PT. Isso, companheiro, é fruto da luta e conquistas do movimento social e não seria o Partido dos Trabalhadores que iria caminhar na contra mão do processo de busca da igualdade para brasileiras e brasileiros.
O nosso trem é o mesmo e embarcamos na mesma estação. A diferença está no lugar que nos tem sido reservado neste trem. Juntos limpamos a estrada e desentortamos os trilhos; juntos escolhemos o destino. Embarcamos na mesma estação e juntos colocamos o combustível; juntos aquecemos a máquina, lubrificamos as peças; juntos demos a partida. Mas ainda não sentamos nos lugares destinados à primeira classe, aliás, ainda não conseguimos romper com este modelo excludente. Estes lugares continuam sendo ocupados por uma minoria e pouca foi a mudança nas poltronas. Isto é um boi na linha.
Na chegada do nosso trem, colorimos o Brasil e o Rio Grande do Sul com o vermelho de nossas bandeiras e foi lindo de se ver!... Mas não conseguimos mesclar, na mesma proporção, nos espaços de poder, “as cores” do povo brasileiro. Nós, negros e negras, continuamos invisibilizados. Embora a sociedade brasileira seja multiétnica, com um contingente significativo de negros e negras, no inconsciente coletivo da sociedade, o racismo continua mais presente do que nunca. Isto é um boi na linha...
Nossas bandeiras de luta estão sendo vampirizadas pelo aculturamento e apropriação da nossa identidade tão duramente construída. Os conflitos hoje se modernizaram pelos efeitos midiáticos e até mesmo as ações afirmativas que nos favoreceriam tendem a ser utilizadas de forma indiscriminadas com a suposta ideologia da universalidade do direito e da laicidade do estado. Isto é um boi na linha...
O conceito de quilombo e o de comunidade de terreiro passaram a ter, na prática institucional, uma conotação que ameaça a identidade cultural do quilombola e a ancestralidade do povo de terreiro. Isto é um boi na linha...
E deixo para falar na questão das candidaturas de negros e negras na próxima estação, porque aí tem uma boiada na linha!...
Out/2011 Sandrali de Campos Bueno
Tem boi na linha? De que boi está falando, companheiro?
Realmente na nossa linha tem boi e, para ser mais explícita, tem uma boiada. São inquestionáveis os avanços referentes às ações afirmativas aprovadas no ultimo Congresso do PT. Isso, companheiro, é fruto da luta e conquistas do movimento social e não seria o Partido dos Trabalhadores que iria caminhar na contra mão do processo de busca da igualdade para brasileiras e brasileiros.
O nosso trem é o mesmo e embarcamos na mesma estação. A diferença está no lugar que nos tem sido reservado neste trem. Juntos limpamos a estrada e desentortamos os trilhos; juntos escolhemos o destino. Embarcamos na mesma estação e juntos colocamos o combustível; juntos aquecemos a máquina, lubrificamos as peças; juntos demos a partida. Mas ainda não sentamos nos lugares destinados à primeira classe, aliás, ainda não conseguimos romper com este modelo excludente. Estes lugares continuam sendo ocupados por uma minoria e pouca foi a mudança nas poltronas. Isto é um boi na linha.
Na chegada do nosso trem, colorimos o Brasil e o Rio Grande do Sul com o vermelho de nossas bandeiras e foi lindo de se ver!... Mas não conseguimos mesclar, na mesma proporção, nos espaços de poder, “as cores” do povo brasileiro. Nós, negros e negras, continuamos invisibilizados. Embora a sociedade brasileira seja multiétnica, com um contingente significativo de negros e negras, no inconsciente coletivo da sociedade, o racismo continua mais presente do que nunca. Isto é um boi na linha...
Nossas bandeiras de luta estão sendo vampirizadas pelo aculturamento e apropriação da nossa identidade tão duramente construída. Os conflitos hoje se modernizaram pelos efeitos midiáticos e até mesmo as ações afirmativas que nos favoreceriam tendem a ser utilizadas de forma indiscriminadas com a suposta ideologia da universalidade do direito e da laicidade do estado. Isto é um boi na linha...
O conceito de quilombo e o de comunidade de terreiro passaram a ter, na prática institucional, uma conotação que ameaça a identidade cultural do quilombola e a ancestralidade do povo de terreiro. Isto é um boi na linha...
E deixo para falar na questão das candidaturas de negros e negras na próxima estação, porque aí tem uma boiada na linha!...
Out/2011 Sandrali de Campos Bueno
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Nem sempre a resposta está em livros...
Nem sempre
a resposta está em livros, às vezes é preciso construí-la. E é o que ouso fazer
para responder a indagação de uma filha de santo.
A busca do nosso bem estar, do
nosso sucesso, da nossa realização é algo que depende não só de nosso esforço,
mas também das circunstâncias em que nos posicionamos frente à percepção da
realidade, da autoconsciência e da aceitação daquilo que somos enquanto
sujeitos protagonistas da própria transformação. Mas a busca da evolução
espiritual, alicerçada na religiosidade de matriz africana, pressupõe a
aceitação de que a Energia do Orixá é Amor.
Não é fácil vivenciar este princípio, porque
na realidade o que este amor exige é a modificação no nosso jeito de
interpretar os desígnios do nosso destino, do nosso odu.
Ao vivenciar a filosofa de matriz africana
precisamos alimentar a convicção de que o orixá não tem a obrigação de viver a
vida por nós, mas sim, de sustentar e amparar nossas fraquezas para que
possamos desenvolver nossas habilidades e competências para que façamos do
viver uma arte que se expressa no cotidiano.
A responsabilidade do orixá para conosco é nos
dar clareza para atingirmos a sabedoria e para adquirirmos a capacidade de
ajudar ao outro, de nos colocarmos no lugar do outro, através da compaixão, da
simplicidade, da liberdade de enxergar no outro o melhor de si mesmo. A nossa
responsabilidade para com o orixá está em reconhecer que a energia que existe
dentro de si só se expressa em sua plenitude se for reconhecida pela energia do
outro e assim sucessivamente numa complexa e perfeita conexão que se estende
pelo universo como uma rede protetora.
Orixá é energia e não um Ser que nos presenteia quando desejamos algo ou nos pune quando desejamos o mal. Essa energia perpassa nossa vida através de um fio condutor denominado axé, asè. E é esse fio que nos une uns aos outros, como elos de uma corrente mítica que se entrelaça e se conecta com outra corrente estabelecida na concretude do viver em uma comunidade tradicional de terreiro. A organização e a hierarquização de uma comunidade tradicional de terreiro transcendem as relações instituídas na formalidade da sociedade civil, isto é, as obrigações que uma mãe de santo ou um pai de santo tem para com seus filhos de santo, e estes entre si, vão além do respeito, da obediência, da união, da confraternização, do acatamento de princípios e dogmas. A concepção organizativa de uma comunidade tradicional de terreiro parte do princípio da solidariedade, do cuidado com o bem estar de cada um e de todos, pois é esse cuidado que garante a preservação do asè. A evolução e a dinâmica da relação do sagrado e profano se dão na mesma proporção da relação do “sujeito-iniciado” com o “sujeito – cidadão”. E é a partir daí que a comunidade de terreiro se transforma no espaço significante e significador capaz de reconstruir a consciência do indivíduo como pertencente à comunidade humana.
Orixá é energia e não um Ser que nos presenteia quando desejamos algo ou nos pune quando desejamos o mal. Essa energia perpassa nossa vida através de um fio condutor denominado axé, asè. E é esse fio que nos une uns aos outros, como elos de uma corrente mítica que se entrelaça e se conecta com outra corrente estabelecida na concretude do viver em uma comunidade tradicional de terreiro. A organização e a hierarquização de uma comunidade tradicional de terreiro transcendem as relações instituídas na formalidade da sociedade civil, isto é, as obrigações que uma mãe de santo ou um pai de santo tem para com seus filhos de santo, e estes entre si, vão além do respeito, da obediência, da união, da confraternização, do acatamento de princípios e dogmas. A concepção organizativa de uma comunidade tradicional de terreiro parte do princípio da solidariedade, do cuidado com o bem estar de cada um e de todos, pois é esse cuidado que garante a preservação do asè. A evolução e a dinâmica da relação do sagrado e profano se dão na mesma proporção da relação do “sujeito-iniciado” com o “sujeito – cidadão”. E é a partir daí que a comunidade de terreiro se transforma no espaço significante e significador capaz de reconstruir a consciência do indivíduo como pertencente à comunidade humana.
Julho/2011.
Mãe Sandrali
d’Oxum
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
No dia das crianças....Um poema de Oliveira Silveira
Pobre Menino Preto
Pobre menino preto
brincando com a turma
se imagina mocinho
não cola
os mocinhos são brancos
como os outros
se imagina tarzã
se pendura no galho
não cola
porque ele o imaginam
chita
macaco
chimpanzé
orangotango
não pode brincar de Zumbi
ou Toussaint-Louverture
porque são heróis de verdade
que ninguém conhece
nem ele mesmo nunca ouviu falar.
( Silveira, Oliveira, in Poemas: antologia. Porto Alegre. Edição Dos Vinte, 2009)
Pobre menino preto
brincando com a turma
se imagina mocinho
não cola
os mocinhos são brancos
como os outros
se imagina tarzã
se pendura no galho
não cola
porque ele o imaginam
chita
macaco
chimpanzé
orangotango
não pode brincar de Zumbi
ou Toussaint-Louverture
porque são heróis de verdade
que ninguém conhece
nem ele mesmo nunca ouviu falar.
( Silveira, Oliveira, in Poemas: antologia. Porto Alegre. Edição Dos Vinte, 2009)
terça-feira, 11 de outubro de 2011
E porque não nós também...
Entendo que o tempo urge e a banda há muito já está na rua. Entendo que
é preciso respeitar nossas lideranças e instâncias partidárias. Mas respeito
não significa concordância absoluta. Respeito não significa calar quando nos
deparamos com o rompimento dos nossos sonhos mais caros. Respeito significa cumprir
com nossos acordos, acatar as decisões do coletivo, mesmo quando estas vão de
encontro aos interesses individuais. Respeito significa não perder de vista a
trajetória e a história de cada um que ajudou a construir a estrada que nos
conduziu à vitória.
Respeito significa romper com o mito de que todos
somos iguais. Respeito significa ter a coragem de reverter o pragmatismo que
nega o principio da solidariedade e restituir, não apenas o direito de lutar,
mas a capacidade de sonhar e desejar uma sociedade com oportunidades iguais
para todos.
Faz-se necessário revermos nossos métodos para que não haja
desconstituição do processo de luta. Não podemos perder a referência de quem somos e não podemos sermos insanos e
escolher o lugar de perdedores enquanto coletivo, enquanto segmento de um projeto político. É
evidente que o PT mudou, até porque cresceu muito, conquistou o Poder e hoje já
temos um acúmulo significativo em administrar as demandas nacionais e locais.
Porém para nós, negros e negras, muito há ainda que construir e não podemos nos
desgastar com movimentos que desconstituam nossa trajetória, nossa história de
luta. É preciso aprender com os erros do passado para que não percamos nosso
referencial. É fácil quebrar uma vara de marmelo, mas se unirmos as varas em um
feixe, ninguém conseguirá quebrá-lo. O que nos faz forte é a Unidade. Quando
aprenderemos isto?
Não podemos gastar energia no
lugar errado. Nossa energia tem que estar voltada para a construção de
políticas públicas para nosso povo, políticas que dêem conta das demandas da
comunidade negra. Nós não podemos brincar com o sonho de milhares de pessoas
que nos tem como referência.
Fala-se muito na transversalidade no
Governo Tarso Genro. Mas o que é transversalidade para nós, negros e negras?
Certamente não é apenas ocupar cargos em todos os espaços do Governo.
Transversalidade, para nós, é a contemplação das demandas da população negra
oriundas da vivência concreta no movimento social, aquela concretude que
extrapola as ações compensatórias ou assistencialistas. A transversalidade que
nos interessa vai alem dos privilégios de pertencer a esta ou aquela corrente
partidária. Afinal, fomos, por centenas de anos acorrentados por um regime
escravocrata e, ainda hoje, há correntes que impedem que a maioria da população afrodescendente esteja livre dos grilhões da opressão , da
discriminação , do racismo. A
transversalidade que queremos transcende aos partidos políticos sejam eles da
esquerda ou da direita, da situação ou da oposição, até porque, até hoje,
nenhum partido político deu conta das demandas da população afrodescendente,
nenhum partido pautou e, efetivamente, assumiu o compromisso com as
candidaturas de negros e de negras.
Out/ 2011 Sandrali de Campos Bueno
Out/ 2011 Sandrali de Campos Bueno
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Procurando o Silêncio do Coração
Do Curso de Arteterapia
INICIE
FECHANDO OS OLHOS E DEPOIS OBSERVE A SUA RESPIRAÇÃO LENTAMENTE ATÉ PERCEBERES
QUE TEU CORPO ESTÁ RELAXADO. MENTALMENTE, OBSERVE QUE TODOS TEUS MÚSCULOS ESTÃO
RELAXADOS E EM SILÊNCIO! OBSERVE UMA MULHER QUE SORRI PARA VOCÊ. SORRIA TAMBÉM
E INICIE UMA VIAGEM PELO INTERIOR DO TEU CORPO, PASSO A PASSO, ORGÃO POR ORGÃO,
VÍSCERA POR VÍSCERA, TODOS TEUS OSSOS, E SORRIA, INTENSAMENTE, QUANDO CHEGARES
AO FÍGADO. FIQUE AÍ. SORRIA, SINTA A ALEGRIA DO TEU FÍGADO PELO CARINHO E ATENÇÃO
QUE ESTÁS DEDICANDO A ELE. SINTA O QUANTO ELE É UM PAI BONDOSO, JUSTO E LEAL. CONTINUE
SORRINDO, ATÉ QUE ELE TE CONTE UMA HISTÓRIA QUE TE FAÇA DAR BOAS GARGALHADAS. SEMPRE
SORRINDO, PERGUNTA-LHE O QUE ELE TEM PARA TE ENSINAR, DIGA-LHE QUE QUERES
AQUIETAR TEU CORAÇÃO E ENCONTRAR O SILÊNCIO DA FELICIDADE. OUÇA O QUE ELE TEM
PARA DIZER, MAS NÃO DEIXE DE CONTINUAR SORRINDO.
AGORA, PROCURE TRES COISAS QUE QUERES TRAZER
CONTIGO PARA QUE SEJAM TRANSFORMADOS EM OBJETO DE PODER, DE CURA E DE GRATIDÃO
OU DEVOÇÃO. MANTENHA O SORRISO. VOLTE LENTAMENTE USANDO TEUS OBJETOS SAGRADOS,
SEMPRE SORRINDO. ISSO VAI TE DAR PODER PARA CONSEGUIRES O QUE QUERES DA VIDA. CONTE-ME DEPOIS.
UM SORRISO COM AMOR.
(Texto adaptado para Curso de Arteterapia com as professoras da E.E.E.F.Don Antonio Zattera Março a dez/2010)
domingo, 9 de outubro de 2011
Sonhos
Fala da Zélia transformada em delicado e sábio conselho
Sandra,
Que tenhas espaço de liberdade e expectativas pequenas que te permitem flanar por outros espaços, adoçar, inspirar, elevar...
Que tua presença, em diferentes espaços, possa constituir a diferença...
Te vejo poderosa, mudando paradigmas de norte a sul, de leste a oeste. Presença, sensibilidade, conhecimento...
Realização de sonhos de pessoas que para nos parecem insignificantes, mas fazem a diferença em suas vidas.
Dez/2010
Sandra,
Que tenhas espaço de liberdade e expectativas pequenas que te permitem flanar por outros espaços, adoçar, inspirar, elevar...
Que tua presença, em diferentes espaços, possa constituir a diferença...
Te vejo poderosa, mudando paradigmas de norte a sul, de leste a oeste. Presença, sensibilidade, conhecimento...
Realização de sonhos de pessoas que para nos parecem insignificantes, mas fazem a diferença em suas vidas.
Dez/2010
sábado, 8 de outubro de 2011
Oração pelo amor
Meditando pelo amor, no Curso de Arteterapia
IREMOS PARTILHAR DE UM BELO SONHO JUNTOS... NESSE SONHO, VOCÊ ESTÁ NUM
DIA QUENTE E ENSOLARADO. ESCUTA OS PÁSSAROS, O VENTO E UM RIACHO. VOCÊ CAMINHA
NA DIREÇÃO DO RIO. NA MARGEM DO RIO EXISTE UMA MULHER MEDITANDO. VOCÊ PERCEBE
QUE DA CABEÇA DELA SAI UMA BELA LUZ DE CORES DIFERENTES. VOCÊ TENTA NÃO PERTUBÁ-LA,
MAS ELA PERCEBE SUA PRESENÇA E ABRE OS OLHOS. ELE POSSUI AQUELE TIPO DE OLHOS
CHEIO DE AMOR E ABRE UM GRANDE SORRISO. VOCÊ PERGUNTA COMO ELA É CAPAZ DE IRRADIAR
AQUELA BELA LUZ COLORIDA. PERGUNTA SE ELA PODE ENSINÁ-LA A FAZER O QUE ESTÁ
FAZENDO. ELA RESPONDE QUE HÁ MUITOS E MUITOS ANOS, FEZ A MESMA PERGUNTA AO SEU
MESTRE.
A
VELHA COMEÇA A CONTAR SUA HISTÓRIA: “MEU PROFESSOR ABRIU SEU PRÓPRIO PEITO,
RETIROU SEU CORAÇÃO E APANHOU UMA BELA CHAMA DO CORAÇÃO. ENTÃO ELE ABRIU MEU
PEITO, MEU CORAÇÃO E COLOCOU AQUELA PEQUENA CHAMA NO INTERIOR. COLOCOU DE VOLTA
MEU CORAÇÃO EM MEU PEITO, E ASSIM QUE ISSO ACONTECEU, SENTI UM AMOR INTENSO,
POIS A CHAMA QUE ELE COLOCARA EM MEU CORAÇÃO ERA SEU PRÓPRIO AMOR.
“AQUELA CHAMA CRESCEU EM MEU CORAÇÃO E TORNOU-SE UM GRANDE FOGO - UM
FOGO QUE NÃO QUEIMA, MAS PURIFICA TUDO O QUE TOCA. E ESSE FOGO TOCOU CADA UMA
DAS CÉLULAS DO MEU CORPO DEVOLVERAM MEU AMOR. TORNEI-ME UNO COM MEU CORPO, MAS O MEU AMOR CRESCEU AINDA MAIS. AQUELE
FOGO TOCOU CADA EMOÇÃO EM MINHA MENTE E TODAS AS EMOÇÕES SE TRANSFORMARAM NUM
AMOR FORTE E INTENSO. E AMEI A MIM MESMA, COMPLETA E INCONDICIONALMENTE.
“MAS
O FOGO CONTINUOU QUEIMANDO E TIVE A NECESSIDADE DE PARTILHAR MEU AMOR. DECIDI
COLOCAR UM PEDAÇO DESSE AMOR EM CADA ÁRVORE, E AS ÁRVORES DEVOLVERAM MEU AMOR E
EU ME TORNEI UNO COM AS
ÁRVORES. MAS O MEU AMOR NÃO PAROU, CRESCEU MAIS. COLOQUEI UM POUCO DE AMOR EM
CADA FLOR, E ELAS ME DEVOLVERAM, E NOS TORNAMOS UNO. E O MEU AMOR CRESCEU AINDA MAIS, PARA AMAR A TODOS OS
ANIMAIS DO MUNDO. ELES RESPONDERAM AO MEU AMOR, E ME AMARAM DE VOLTA E NOS
TORNAMOS UNO. MAS MEU AMOR
CONTINUOU CRESCENDO CADA VEZ MAIS.
“COLOQUEI UM PEDAÇO DE MEU AMOR EM CADA CRISTAL, EM CADA PEDRA NO CHÃO,
NA TERRA, NOS METAIS, E ELES ME AMARAM DE VOLTA E ME TORNEI UNO COM A TERRA. ENTÃO RESOLVI
COLOCAR MEU AMOR NA ÁGUA, NOS OCEANOS, NOS RIOS, NA CHUVA E NA NEVE. E ELES ME
AMARAM EM RETORNO E NOS TORNAMOS UNO. AINDA
ASSIM MEU AMOR CRESCEU MAIS E MAIS.. RESOLVI DAR MEU AMOR AO AR, AO VENTO, COM
OS OCEANOS, COM A NATUREZA, E MEU AMOR CRESCEU E CRESCEU.
“VOLTEI MINHA CABEÇA PARA O CÉU, PARA O SOL, PARA AS ESTRELAS, E
COLOQUEII UM POUCO DO MEU AMOR EM CADA ASTRO, NA LUA, NO SOL, E ELESME AMARAM
DE VOLTA. TORNEI-ME UNO COM A
LUA, COM O SOL E COM AS ESTRELAS, EMEU AMOR CONTINUOU CRESCENDO E CRESCENDO.
COLOQUEI UM POUCO DO MEU AMOR EM CADA SER HUMANO, E ME TORNEI UNO COM TODA A HUMANIDADE. AONDE QUER
QUE EU VÁ, QUEM QUER QUE ENCONTRE, VEJO A MIM MESMA NOS OLHOS DELES, POQUE EU
SOU UMA PARTE DE TUDOO, POR CAUSA DO AMOR.”
ENTÃO
A VELHA ABRE O PRÓPRIO PEITO, RETIRA O CORAÇÃO COM UMA BELA CHAMA NO INTERIOR E
COLOCA A CHAMA EM SEU CORAÇÃO. AGORA O AMOR ESTÁ CRESCENDO EM SEU INTERIOR.
AGORA VOCÊ É UNO COM O VENTO,
COM A ÁGUA, COM AS ESTRELAS, COM TODA A NATUREZA, COM TODOS OS ANIMAIS E COM
TODOS OS SERES HUMANOS. VOCÊ SENTE O CALOR E A LUZ EMANANDO DA CHAMA EM SEU
CORAÇÃO. DE SUA CABEÇA PARTE UMA LUZ DE CORES DIFERENTES. VOCÊ FICA RADIANTE
COM O BRILHO DO AMOR E ORA:
OBRIGADA,
CRIADOR DO UNIVERSO, PELO PRESENTE DA VIDA QUE ME DEU. OBRIGADA POR ME DAR O
TUDO QUE EU REALMENTE PRECISO. OBRIGADA PELA OPORTUNIDADE DE EXPERIMENTAR ESTE
BELO CORPO E ESTA MENTE MARAVILHOSA. OBRIGADA POR VIVER EM MEU INTERIOR COM
TODO SEU AMOR, COM TODO O SEU ESPÍRITO PURO E LIVRE, COM O SEU CALOR E LUZ
RADIANTE.
OBRIGADA
POR USAR MINHAS PALAVRAS, POR USAR MEUS OLHOS, POR USAR MEU CORAÇÃO PARA
PARTILHAR SEU AMOR AONDE QUER QUE EU VÁ. AMO VOCÊ DA FORMA QUE É, E PORQUE SOU
SUA CRIAÇÃO, AMO A MIM MESMA DA FORMA COMO EU SOU. AJUDE-ME A MANTER O AMOR E A
PAZ EM MEU CORAÇÃO E TORNAR ESSE AMOR UMA NOVA FORMA DE VIDA, QUE PODEREI VIVER
EM AMOR PELO RESTO DA MINHA VIDA. ASSIM SEJA.
(Texto
compilado do livro “Os Quatro Compromissos“, de Don Miguel Ruiz, São Paulo, Editora Best Seller, 1998)
(Exerxício utilizado no Curso de Arteterapia com as pofessoras da E.E.E.F. Don Antonio Zattera, Pelotas, 2010)
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Você é um vaso sagrado...
Esse hábito de carregar nas costas a dor
dos outros pode derivar de um “treinamento” precoce na sua família para ser um
pacificador entre os seus, ou para afastar a tensão para longe daqueles que
deveriam cuidar de você, cuidando deles, ao contrário. Dessa maneira aprende-se
a ser receptivo em relação à dor alheia. Muito embora estas experiências possam
muito bem ter sido um treinamento para despertar o curador dentro de você, o
seu trabalho de cura não precisa continuar sendo um subproduto de uma
necessidade infantil. Pode haver também entre vocês uns poucos curadores que
concordaram em curar assumindo a dor dos outros, mas a idéia não é que tal vocação
surja em detrimento de seu bem estar pessoal.
Quero ajudá-las, minhas queridas, a verem
a si mesmas, como outro tipo, totalmente
diferente, de ser receptivo. Vejam-se
como um vaso sagrado, como um cálice esperando ser cheio com uma energia que dá
a vida, não-poluída pela putrefação de antigas feridas, mas sim, que permita
que vocês transmutem a energia negativa para a magnificência da Luz.
Com esta imagem, faremos uma viagem, numa
visualização onde aprenderão como aliviar-se e preencher a tarefa que deveria
ser realizada por um cálice sagrado.
Mas primeiro, precisam pegar um papel e lápis
de cor, pois quero que dêem rédea livre à sua criatividade, desenhando um cálice.
Não é um exame de arte, de modo que não se critiquem como artistas; só desenhem
com amor.
Depois de completarem sua figura, quero
que escrevam no cálice os nomes de todos que estão carregando nas costas. Pode
ser membros de sua família ou pacientes. Poderia ser uma nação de pessoas ou
uma espécie de animal em perigo. E de quem se sentem os antagonistas? Com quem
estão dialogando em suas mentes? Estes também devem ser incluídos nos seus cálices,
pois certamente estas impurezas não deveriam ter lugar no seu cálice.
Depois de fazer este desenho, fechem os
olhos, e depois de atingirem um certo grau de quietude, criem uma visão de si
mesmas de pé ao lado de uma cachoeira com águas cristalinas que curam. Podem
ouvir o som da água saltando sobre as pedras?
Agora imaginem puxando o cálice de dentro
do abdome, pois a sua propensão de carregar os outros nas costas se relacionam
a fraquezas no segundo e terceiro chakras. Esvaziem o conteúdo dele na
correnteza. Ao fazê-lo, visualizem o conteúdo do cálice sendo limpo e
purificado ao ser levado para longe, rumo ao oceano da consciência de cura. Lave
bem o cálice na correnteza, antes de começar a caminhar rumo à sua fonte. Ao
começarem esta pequena jornada, contemplem o fato de que acabam de entregar
todos aqueles a quem estavam carregando nas costas a um Poder Superior. Eles não
são mais da sua responsabilidade.
Agora, vocês chegaram à fonte da
correnteza, onde o fluxo de água jorra de uma rocha, e, à sua espera, está um
Ser magnificente, banhado de luz. Talvez reconheçam este Ser. Certamente sentirão
o seu Amor por vocês. Dêem seu cálice a essa Guardiã da Fonte e, à medida que
ela o enche, vocês podem contemplar o infinito reservatório atrás da rocha de
onde flui essa correnteza de água da vida.
A Guardiã da Fonte segura o cálice cheio
para vocês beberem. Ao beber, vocês tocam as mãos dela. Ao beber, vocês se
sentem renovados, restaurados, refrescados e revitalizados pelo conteúdo do cálice.
Vocês têm a consciência de todas as impurezas do pensamento sendo lavadas. Vocês
têm a consciência de que onde antes seguraram o cálice no corpo, está sendo
curado de toda dor causada pelo passado. E o milagre é que não importa o quanto
bebam: o cálice está sempre cheio.
Depois de beberem o suficiente, A Serva da
Luz solta o cálice e vocês o colocam no coração, onde ficará sempre
transbordando e disponível para beberem sempre que quiserem.
Eu também sou grata e amo vocês.
Deus nunca chega atrasado.
_________________________________
(Nota: Este
texto foi adaptado do original para o Curso de Arteterapia com as professoras
da Escola de Ensino Fundamental e Médio D. Antonio Zattera)
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
E se todo mestre fosse assim...
Do Curso de Arteterapia...
‘NÃO COBIÇO NEM DISPUTO OS TEUS OLHOS’
NÃO ESTOU
SEQUER À ESPERA QUE ME DEIXES VER ATRAVÉS DOS TEUS OLHOS
NEM SEI
TAMPOUCO SE QUERO VER O QUE VÊEM E DO MODO COMO VÊEM OS TEUS OLHOS
NADA DO QUE
POSSAS VER ME LEVARÁ A VER E A PENSAR CONTIGO
SE EU NÃO
FOR CAPAZ DE APRENDER A VER PELOS MEUS OLHOS E A PENSAR COMIGO
NÃO ME
DIGAS COMO SE CAMINHA E POR ONDE É O CAMINHO
DEIXA-ME
SIMPLESMENTE ACOMPANHAR-TE QUANDO EU QUISER
SE O
CAMINHO DOS TEUS PASSOS ESTIVER ILUMINADO
PELA MAIS
CINTILANTE DAS ESTRELAS QUE ESPREITAM AS NOITES E OS DIAS
MESMO QUE
TU ME PERCAS E EU TE PERCA
ALGURES NA
CAMINHADA CERTAMENTE NOS REENCONTRAREMOS
NÃO ME
EXPLIQUES COMO DEVEREI SER
QUANDO UM
DIA AS CIRCUNSTÂNCIAS QUISEREM QUE EU ME ENCONTRE
NO ESPAÇO E
NO TEMPO DE CONDIÇÕES QUE TU ENTENDES E DOMINAS
SEMEIA-TE
COMO ÉS E OFERECE-TE SIMPLESMENTE À COLHEITA DE TODAS AS HORAS
NÃO ME
PRENDAS AS MÃOS
NÃO FAÇAS
DELAS INSTRUMENTO DÓCIL DE INSPIRAÇÕES QUE AINDA NÃO VIVI
DEIXA-ME
ARRISCAR O MOLDE TALVEZ INCERTO
DEIXA-ME
ARRISCAR O BARRO TALVEZ IMPRÓPRIO
NA OFICINA
ONDE GANHAM FORMA E PAIXÃO TODOS OS SONHOS QUE ANTECIPAM O FUTURO
E NÃO ME
OBRIGUES LER OS LIVROS QUE EU AINDA NÃO ADIVINHEI
NEM QUEIRAS
QUE EU SAIBA O QUE AINDA NÃO SOU CAPAZ DE INTERROGAR
PROTEGE-ME
DAS INCURSÕES OBRIGATÓRIAS QUE SUFOCAM O PRAZER DA DESCOBERTA
E COM O SILÊNCIO
(INTIMAMENTE SÁBIO) DAS TUAS PALAVRAS E DOS TEUS GESTOS
AJUDA-ME
SERENAMENTE A LER E A ESCREVER A MINHA PRÓPRIA VIDA
(RUBEM ALVES, in A ESCOLA COM QUE SEMPRE SONHEI SEM IMAGINAR QUE PUDESSE EXISTIR. SÃO PAULO: PAPIRUS, 2001)
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Anime-se... logo,logo as coisas vão melhorar!
Escrito num cartão que dizia:
Minha querida companheira, comadre, comparsa e parceira.
Se houve algo que valeu em tudo isso foi o fato de te ter conhecido, foi saber que "PESSOAS" como tu estão aí lutando, brigando, crendo e fazendo!!! A minha luta não é só minha; tenho tanta gente comigo. E isso só me faz crescer, ser gente, poder amar mais. E pode crer que quando eu "crescer", ficar bem "grande", quero ter muito de ti!
Bere
07/04/1989
Minha querida companheira, comadre, comparsa e parceira.
Se houve algo que valeu em tudo isso foi o fato de te ter conhecido, foi saber que "PESSOAS" como tu estão aí lutando, brigando, crendo e fazendo!!! A minha luta não é só minha; tenho tanta gente comigo. E isso só me faz crescer, ser gente, poder amar mais. E pode crer que quando eu "crescer", ficar bem "grande", quero ter muito de ti!
Bere
07/04/1989
terça-feira, 4 de outubro de 2011
A FÁBULA DOS LOBOS
Numa noite de inverno, um velho apache chamou seu neto para junto da
fogueira da aldeia para lhe falar do combate que acontece dentro das pessoas.
Ela disse:
- A batalha é entre dois lobos que vivem dentro de cada um de nós. Um é
mau e suas manifestações são a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o
desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento,
a inferioridade e o orgulho falso.
- E o outro? - perguntou o neto.
- O outro é bom. É a alegria, a fraternidade, a paz, esperança, a
serenidade, a humildade, a bondade, a benevolência, a verdade, a empatia, a
generosidade, a compaixão e a fé.
O neto pensou nesta luta e perguntou novamente ao avô:
- E qual o lobo que vence vovô?
0 velho índio respondeu:
- Aquele que tu alimentares!
( In, ZERO HORA, Almanaque Gaúcho)
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
A história se repete
Esta mensagem foi escrita em 1987, mas continua atualíssima
Sandrali,
Sandrali,
É forte a necessidade de dizer... Mas como fazer se na garganta há um grande nó e o som não sai??? Mas como fazer , se algo que parece "imenso" tenta fazer com que a voz cale pá sempre... Isso eu não posso admitir, e lutar é preciso e será feito da maneira que pudemos! Nisso eu aposto e tenho certeza "a manhã nascerá e mesmo que alguém tente destruir a beleza do que é criar , o sol tornará a brilhar e o seu brilho há de nos aquecer, e assim encoberto pela certeza que somos vivos, nos rebelaremos...
Não sei avaliar direito o que é esse "soco no estômago", o que é esse sentir de que eu relaxei a guarda, e deixei me atingir... Não sei dizer que consequências terei de enfrentar, por ter pensado que podia descansar... E não sei uma porção de coisas. Mas não é por isso que estou te escrevendo. Não é não para te dizer que estou inviável. Não! É apenas para' falar', dizer, gritar que eu não me "entreguei" !!! E sabe porquê?
Esse ano e meio me transformou! Não sou a mesma e estou feliz por isso!
A volta a FEBEM representava um "resgate", um pagar aquilo que fiquei devendo, um compromisso com os guris e gurias, que eu precisava cumprir.
Nessa "louca caminhada" eu não estou sozinha e esse sentimento é o melhor que pode me acontecer.
"Companheira", foi bom, muito bom te encontrar. Só isso valeu tudo!
Não isso valeu tudo! Não importa a garganta sufocada, quando eu sei que tem gente que vai gritar até que eu me recupere e possa gritar junto.O meu compromisso ficou mais fácil. Ele é dividido, compartilhado e vivenciado por nós.
Eu quero muito estar contigo na caminhada, independente de onde estivermos, independente de podermos estar no mesmo lugar; uma coisa eu tenho ccerteza : do mesmo lado" eu e tu "sempre estaremos.
Eu não sei ainda o que poderei fazer quanto ao "concreto" que estamos vivendo, mas quero te dizer "viver livre é viver de acordo com o que nós acreditamos, é viver com o pensamento sempre em voo, é viver comprometido com aquilo que cremos"
Eu estou, eu quero e farei tudo para viver livre.
Bere
1º/09/1987
domingo, 2 de outubro de 2011
PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA CRIMINALIDADE JUVENIL.
PALESTRA PROFERIDA NA AUDIÊNCIA PUBLICA REALIZADA NO DIA 28 DE JULHO DE 2006, EM PROL DA CAMPANHA ESTADUAL PELA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA CRIMINALIDADE JUVENIL.
Sandrali de Campos Bueno
Quero agradecer a oportunidade de participar desta audiência publica em prol da Campanha Estadual pela Prevenção da Violência e da Criminalidade Juvenil e dizer que é uma honra estar aqui representando o Centro de Atendimento Sócio- Educativo Regional Pelotas.
Importante e significativa a fala do Dr. José Olavo que, ao mesmo tempo em que nos traz uma riqueza de informações, nos alerta para uma visão mais ampla da questão da violência e do universo a criminalidade e estabelece um divisor de águas que nos remete à caracterização da fase do desenvolvimento humano chamado adolescência. Fase que se caracteriza por alterações físicas e psíquica que mexem com todo ser humano, causando-lhe uma intensa mudança interna, tendo que dar conta da resignificação da sua identidade, da imagem corporal, da relação com a família e com a comunidade, da resolução de conflitos, da necessidade de convívio em grupo, do imediatismo e consumismo, da rebeldia, da critica às regras, crenças e atitudes do mundo adulto.E isso vale para todos os seres humanos, para todos adolescentes.
Ora, o que diferencia o adolescente que comete um ato infracional dos demais? Anterior a qualquer tentativa de esboçar seu perfil, não nos esqueçamos que ele também é sujeito de direitos e pessoa em desenvolvimento. A diferença está na forma como ele lida com a Lei, ou seja, na forma como ele vivenciou o limite e a satisfação dos seus desejos.
Portanto, a prática do ato infracional é um acontecimento circunstancial na vida do adolescente, cuja compreensão abrange vários fatores como:
- potencializarão da atuação de conflitos através da conduta transgressora;
- busca inadequada de respostas frente as contradições produzidas pela sociedade;
- associação ao uso de drogas, cujo avanço desenfreado tem nos deixado em desvantagem frente à ação do traficante;
- o circulo dos amigos, o tipo de lazer, a auto-estima, o sofrimento de violência...;
- a estrutura social de referencia sem consistência de parâmetros;
- a falta de figuras de autoridade capazes de envolver e se envolver com sua educação;
- a falta de espelhos sociais saudáveis;
Enfim, fatores que irão influenciar com maior o menor intensidade dependendo de como ele vivenciou a construção de sua subjetividade.
Se o ato infracional é circunstancial na vida do adolescente, ele é previsível e, sendo previsível, é passível de ações preventivas. E prevenção se faz com políticas publicas, faz-se com a aceitação da nossa co-responsabilidade e interdependência na busca de propostas baseadas nos valores universais de ética, educação, solidariedade.
Bem, mas e daí? Se falha a prevenção? Verificada a pratica do ato infracional, o que fazer?
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Art.112, cabe à autoridade competente aplicar ao adolescente a medida sócio-educativa: advertência, reparação do dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, internação em estabelecimento sócio-educativo.
A internação em estabelecimento sócio-educativo é a ultima possibilidade que este adolescente tem de mudança. Como diz a Dra. Maria do Carmo: é a nossa UTI. Portanto, os adolescentes que para lá devem ser encaminhados são aqueles cujo perfil está agravado e cometeram um ato infracional grave.
A execução da medida sócio-educativa de internação e também de semi-liberdade é de responsabilidade do Governo Estadual. No Rio Grande do Sul, a administração do Sistema de Execução destas medidas, cabe à Fundação de Atendimento Sócio- Educativo - Fase, através das unidades de atendimento: os Centros de Atendimento Sócio-Educativos que tem como meta construir com o adolescente e jovem projetos para sua vida que sejam capazes de dar um novo significado às suas experiências e lhes possibilite resgatar a dignidade, a autoconfiança, os valores éticos, o exercício da liberdade sem violência e de forma não infratora. ((PEMSEIS).
E como é que se faz isto? Como se cuida destes adolescentes que estão na nossa UTI?
Cuida-se com um ambiente continente e dialogante. Isto é, um ambiente onde a ação sócio-educativa está mediada por um conjunto de regras claras, com papeis de adultos e adolescentes bem definidos e onde o afeto e o limite são faces da mesma moeda.
Das ações sócio-educativas desenvolvidas , a escolarização e a profissionalização são prioritárias, sendo que a escolarização é prioridade absoluta em relação a qualquer outra ação. Por que isso? Porque, além da prioridade prevista em Lei, entendemos que a Escola, enquanto geradora de transformação, é referência de limites e de valores. Temos a convicção de que quanto maior for o investimento na educação, na educação para a liberdade com disciplina, quanto maior for o envolvimento da sociedade, quanto maior forem os recursos efetivos com políticas publicas voltadas especialmente para educação, saúde, família, menor será o envolvimento de adolescente em atividade delitivas.
Sandrali de Campos Bueno
Referencia Bibliográfica:
PROGRAMA DE EXECUÇÃO DE MEDIDDAS SÓCIO-EDUCATIVAS DE INTERNAÇÃO E SEMILIBERDADE DO RIO GRANDE DO RIO GRANDE DO SUL- PEMSEIS. Governo de Estado do Rio Grande do Sul, Secretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, Fundação Estadual do Bem Estar do Menor.Porto Alegre, abril 2002.
Sandrali de Campos Bueno
Quero agradecer a oportunidade de participar desta audiência publica em prol da Campanha Estadual pela Prevenção da Violência e da Criminalidade Juvenil e dizer que é uma honra estar aqui representando o Centro de Atendimento Sócio- Educativo Regional Pelotas.
Importante e significativa a fala do Dr. José Olavo que, ao mesmo tempo em que nos traz uma riqueza de informações, nos alerta para uma visão mais ampla da questão da violência e do universo a criminalidade e estabelece um divisor de águas que nos remete à caracterização da fase do desenvolvimento humano chamado adolescência. Fase que se caracteriza por alterações físicas e psíquica que mexem com todo ser humano, causando-lhe uma intensa mudança interna, tendo que dar conta da resignificação da sua identidade, da imagem corporal, da relação com a família e com a comunidade, da resolução de conflitos, da necessidade de convívio em grupo, do imediatismo e consumismo, da rebeldia, da critica às regras, crenças e atitudes do mundo adulto.E isso vale para todos os seres humanos, para todos adolescentes.
Ora, o que diferencia o adolescente que comete um ato infracional dos demais? Anterior a qualquer tentativa de esboçar seu perfil, não nos esqueçamos que ele também é sujeito de direitos e pessoa em desenvolvimento. A diferença está na forma como ele lida com a Lei, ou seja, na forma como ele vivenciou o limite e a satisfação dos seus desejos.
Portanto, a prática do ato infracional é um acontecimento circunstancial na vida do adolescente, cuja compreensão abrange vários fatores como:
- potencializarão da atuação de conflitos através da conduta transgressora;
- busca inadequada de respostas frente as contradições produzidas pela sociedade;
- associação ao uso de drogas, cujo avanço desenfreado tem nos deixado em desvantagem frente à ação do traficante;
- o circulo dos amigos, o tipo de lazer, a auto-estima, o sofrimento de violência...;
- a estrutura social de referencia sem consistência de parâmetros;
- a falta de figuras de autoridade capazes de envolver e se envolver com sua educação;
- a falta de espelhos sociais saudáveis;
Enfim, fatores que irão influenciar com maior o menor intensidade dependendo de como ele vivenciou a construção de sua subjetividade.
Se o ato infracional é circunstancial na vida do adolescente, ele é previsível e, sendo previsível, é passível de ações preventivas. E prevenção se faz com políticas publicas, faz-se com a aceitação da nossa co-responsabilidade e interdependência na busca de propostas baseadas nos valores universais de ética, educação, solidariedade.
Bem, mas e daí? Se falha a prevenção? Verificada a pratica do ato infracional, o que fazer?
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Art.112, cabe à autoridade competente aplicar ao adolescente a medida sócio-educativa: advertência, reparação do dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, internação em estabelecimento sócio-educativo.
A internação em estabelecimento sócio-educativo é a ultima possibilidade que este adolescente tem de mudança. Como diz a Dra. Maria do Carmo: é a nossa UTI. Portanto, os adolescentes que para lá devem ser encaminhados são aqueles cujo perfil está agravado e cometeram um ato infracional grave.
A execução da medida sócio-educativa de internação e também de semi-liberdade é de responsabilidade do Governo Estadual. No Rio Grande do Sul, a administração do Sistema de Execução destas medidas, cabe à Fundação de Atendimento Sócio- Educativo - Fase, através das unidades de atendimento: os Centros de Atendimento Sócio-Educativos que tem como meta construir com o adolescente e jovem projetos para sua vida que sejam capazes de dar um novo significado às suas experiências e lhes possibilite resgatar a dignidade, a autoconfiança, os valores éticos, o exercício da liberdade sem violência e de forma não infratora. ((PEMSEIS).
E como é que se faz isto? Como se cuida destes adolescentes que estão na nossa UTI?
Cuida-se com um ambiente continente e dialogante. Isto é, um ambiente onde a ação sócio-educativa está mediada por um conjunto de regras claras, com papeis de adultos e adolescentes bem definidos e onde o afeto e o limite são faces da mesma moeda.
Das ações sócio-educativas desenvolvidas , a escolarização e a profissionalização são prioritárias, sendo que a escolarização é prioridade absoluta em relação a qualquer outra ação. Por que isso? Porque, além da prioridade prevista em Lei, entendemos que a Escola, enquanto geradora de transformação, é referência de limites e de valores. Temos a convicção de que quanto maior for o investimento na educação, na educação para a liberdade com disciplina, quanto maior for o envolvimento da sociedade, quanto maior forem os recursos efetivos com políticas publicas voltadas especialmente para educação, saúde, família, menor será o envolvimento de adolescente em atividade delitivas.
Sandrali de Campos Bueno
Referencia Bibliográfica:
PROGRAMA DE EXECUÇÃO DE MEDIDDAS SÓCIO-EDUCATIVAS DE INTERNAÇÃO E SEMILIBERDADE DO RIO GRANDE DO RIO GRANDE DO SUL- PEMSEIS. Governo de Estado do Rio Grande do Sul, Secretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social, Fundação Estadual do Bem Estar do Menor.Porto Alegre, abril 2002.
sábado, 1 de outubro de 2011
CRIANÇA E ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: Uma abordagem da Legislação na Perspectiva Étnica/Racial.
Sandrali de Campos Bueno
Ao cumprimentar a mesa e as
organizadoras deste encontro, quero agradecer a oportunidade de compartilhar,
com cada um e cada uma de vocês, aqui presentes, a minha abordagem em torno do
tema Direitos Humanos das Populações em
Situação de Vulnerabilidade Social e poder fazer deste momento um
reconciliamento com a minha cidade e com a minha trajetória de luta cotidiana,
pela superação das desigualdades e de toda discriminação, disfarçada ou
ostensiva, versus o discurso de desqualificação do fazer do servidor público
que, com seu trabalho, construiu o espaço onde hoje se constroem diretrizes
ditas inovadoras. E aqui falo enquanto trabalhadora social, cuja trajetória
profissional foi forjada na luta pela garantia dos direitos para todos,
especialmente, às crianças e aos adolescentes ou àqueles e àquelas que ocupam o
lugar da invisibilidade social, econômica ou afetiva, ou àqueles e àquelas que
não conseguem expressar seu desejo de forma não infratora, ou àqueles e àquelas
que ocupam o espaço de exclusão que lhes foi legado por uma sociedade que
repudia o que tem de melhor: a capacidade de tornar-se livre, justa e solidária
para com todos.
Antes
de tecer minhas considerações, quero contar-lhes uma lenda que me foi contada e
cujo autor desconheço: no Princípio, havia uma deusa poderosa, portadora da
Verdade. Certo dia, ela resolveu, num gesto de bondade, jogar a Verdade sobre a
Terra e, quando isto aconteceu, a Verdade se fragmentou em milhares de pedaços.
Cada ser humano, ao recolher uma pequena porção, disse a si mesmo: eis aqui a
verdade, eu a tenho. Pois bem. Muito se fala em direitos humanos, em cidadania,
em violência, em segurança publica, em redução da maioridade e cada
especialista, cada pessoa, expressa seu saber, sua experiência, sua opinião a
respeito do tema,nem sempre se dando conta que tem apenas uma
parte da verdade. Então, que eu me dê conta, também, que ao explicitar minhas
concepções, estas são apenas parte da verdade e se, por vezes, parecer-lhes a
verdade toda é apenas para reforçar aquilo que penso deva ser ressaltado no
preenchimento de uma laguna no atendimento às crianças e aos adolescentes em
situação de vulnerabilidade e risco social; é apenas para reforçar o traço
daquilo que me parece ser a essência de minha contribuição neste encontro de
saberes interdisciplinares; é apenas um alerta para uma visão mais ampla acerca
do desafio de enfrentar os problemas cruciais que envolvem a infância e a
juventude brasileiras, especialmente as crianças e jovens negros e negras.
O trabalho com crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social é difícil e
doloroso, mas, ao mesmo tempo, fascinante e estimulante. Difícil porque vivemos
numa sociedade que ainda não dá conta de suas crianças e adolescentes; que
ainda expulsa criança da escola; que ainda permite que adolescentes seja
ceifados da vida, através das drogas; que ainda não tem sido eficaz no combate
à exploração de meninos e meninas; que mascara os efeitos da desigualdade e das
violências, estruturalmente construídas, desde a época colonial, atingindo,
principalmente, a população negra. Doloroso porque estamos sofrendo, na carne e
na alma, os efeitos dos erros cometidos e acumulados neste quinhentos anos de
atendimento às crianças e aos adolescentes das classes populares. Fascinante
porque temos a possibilidade de reverter esses erros e transformar essas dores
em energia criativa na busca de soluções inovadoras e ousadas, como
protagonistas da mudança e não como objeto de pesquisa e de programas
compensatórios. Estimulante porque muito há para fazer e, em "época de planetarização, o futuro se
apresenta como um espaço de co-responsabilidade e interdependência, onde cada
criança, cada adolescente possa expressar sua plenitude enquanto ser humano,
sujeito de direito, especialmente, direito de crescer dentro de um espírito de
solidariedade, numa sociedade justa e fraterna."
Há sessenta anos, a
Assembléia Geral das Nações Unidas, através da Resolução nº217, no dia 10 de
dezembro de 1948, assinava a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
definindo os princípios morais e éticos que devem orientar os povos das Nações
Unidas, devendo ser adotados por todos os países democráticos. Embora o Brasil
seja signatário dessa importante e histórica Declaração, o conhecimento dos
direitos humanos ainda é muito limitado e nem sempre esses direitos são
observados pelo Estado e pela Sociedade em geral. O próprio significado da
noção de direitos humanos tem sido desgastado através da ação contínua daqueles
que confundem o respeito aos direitos humanos com apologia à criminalidade e à
impunidade, numa tentativa de desqualificar as ações de movimentos sociais ou,
até mesmo, deslegitimar a trajetória de luta política em defesa dos direitos
humanos, muitas vezes justificando dispositivos e mecanismos de extermínio da
população jovem e de baixa renda.
Embora todo ser humano seja
titular de direitos, historicamente, determinados grupos sociais têm sofrido
discriminações brutais e incompatíveis com os ideais expressos na Declaração
dos Direitos Humanos, mas que, no entanto, são mascaradas pelo discurso de
igualdade para todos, em todo e qualquer espaço social, ou seja, um discurso que
provem da noção de cidadania, enquanto identidade social de caráter nivelador,
horizontal e igualitário. Porem, na pratica, no Brasil. Onde a inserção social
se dá a partir de uma rede de realizações que ratifica as desigualdades e
sustenta o poder político e econômico, a grande maioria da população não se
sente como protagonista das transformações e sujeito de direitos. E essa grande
maioria tem cor e gênero.
Fala-se muito em aumento de
violência e da criminalidade no Brasil. Mas a maior violência, está estruturada
na sociedade brasileira: a violência e o crime causados pela discriminação
racial, mascarados pelo mito da igualdade de oportunidade para todos. Senão,
vejamos: a Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial, de dezembro de 1963, Resolução nº 1904, ratificada
pelo Brasil em 22 de março de 1968, afirma no seu Art.1º § 2 deve o Estado
tomar medidas especiais e concretas para certos grupos étnicos ou de indivíduos
pertencentes a estes grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de
igualdade, o pleno exercício dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais.
E, são a partir destes
princípios, que se definem as ações afirmativas, como, por exemplo, as cotas
nas universidades publicas: ação concreta do Estado.
A Declaração dos Direitos
da Criança aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro
de 1959, da qual o Brasil é signatário, assinala que a "criança em virtude
de sua falta de maturidade física e mental, necessita de proteção e cuidados
especiais, inclusive a devida proteção legal, tanto antes quanto após seu
nascimento, e ainda reconhece que em todos os países do mundo existem crianças
vivendo sob condições excepcionalmente difíceis e que essas crianças necessitam
consideração especial." Ora, todos sabemos que a necessidade de proteção e
cuidados às nossas crianças são, antes de tudo, necessidades que se
transformaram em direitos e, mesmo assim, ainda são violados em pleno século
XXI, pois embora a sociedade mundial tenha atingido alto nível de avanço
tecnológico, ainda não conseguiu erradicar a fome, a miséria, as discriminações
e as desigualdades socialmente induzidas.
Embora o Artigo 227 da
Constituição de 5 de outubro de 1988 tenha aberto as portas para uma
transformação na condição sócio-juridica da infância e da juventude
brasileiras, o processo de resgate e construção da dignidade das crianças e
adolescentes negros e negras ainda necessita ser fortalecido enquanto "construto
político e ético" delineado por um conjunto de medidas capazes de garantir
o exercício de direitos, de romper com o racismo, com a discriminação e que,
concretamente, garanta um futuro mais justo para comunidade negra,
conseqüentemente para a maioria da população em situação de vulnerabilidade
social.
A Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente,
resultado exitoso do entrelaçamento do movimento social, das políticas e do
mundo jurídico, substituindo o Código de Menores, de 10 de outubro de 1979,
expressa a maior conquista em favor da infância e da juventude brasileiras e
tem três princípios básicos:
- a
criança e o adolescente são sujeitos de direito;
- para
tudo deve ser levada em conta sua condição peculiar de pessoas em
desenvolvimento;
-seus
direitos têm absoluta prioridade.
Isto está posto e garantido
em lei: como cidadãos e trabalhadores sociais têm-se a proposta pessoal de
defender e colocar na pratica esses princípios. Mas o desafio maior está na
superação das dificuldades históricas e contextuais que impedem a transposição
do campo da defesa das idéias para o campo da concretude, campo da realização.
Mesmo o Estatuto sendo o reflexo da atitude media dos brasileiros no que diz
respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes, nem por isso agrada a
todos os cidadãos que devem aplicá-lo e, muitas vezes, se estabelece no senso
comum da sociedade a idéia deturpada de que lhes foi concedido o direito de
agir impunemente e que a lei é falha. Ora, se alguma coisa não funciona na
garantia de direitos da criança e do adolescente, a falha não é do Estatuto,
pois "a lei não define a prática social, mas ao contrário, a prática
social determina a aplicação da lei." Como refere Edson Seda, o Estatuto é
uma regra e regra nunca falha. Falha-se quando ela não é aplicada, quando não
se faz valer e quando os que devem aplicá-la não a aplicam, bem como se não for
aperfeiçoada tão logo isso se fizer necessário.
O Estatuto da Criança e do
Adolescente é uma ferramenta de trabalho que nos autoriza a sermos ousados na
luta em defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes brasileiros. Mas
vejamos: o discurso que está contido na Lei parte da premissa de que todas as
crianças e todos os adolescentes são iguais. Porem, na prática, a quem se
destina a Lei? Às crianças e aos adolescentes das classes populares, àqueles e
àquelas que, segundo Roberto Da Matta, não conseguem responder a pergunta
ritualística brasileira: "afinal de contas, quem é você?" Pois bem. A
atuação garantista, de pessoas, organizações, Poder Publico, na promoção e
defesa dos direitos da criança e do adolescente é algo recente no campo das
lutas sociais. Mas o problema da discriminação racial é algo que permeia e
transcende a própria constituição da sociedade brasileira, enquanto nação
livre; portanto a cidadania às crianças e aos adolescentes negros e negras
resulta de um processo que se explicita na sua diferenciação, enquanto processo
histórico, cultural e estrutural. E daí, não é difícil entender porque a
crianças e os adolescentes negros e negras são mais vulneráveis, do ponto de
vista social, do que as demais crianças e os demais adolescentes. Não é difícil
entender porque os efeitos das desigualdades sociais recaem, sobretudo, na
população negra, atingindo e comprometendo o futuro das crianças e adolescentes
negros e negras. Não é difícil entender porque não se criam espaços permanentes
de capacitação de conselheiros e conselheiras tutelares, com enfoque na
equidade racial e étnica, se este é o problema crucial da sociedade brasileira;
não é difícil entender porque não se cumpre a Lei que dispõe sobre o ensino da
História da África e dos heróis nacionais negros como Zumbi e outros. Não é
difícil entender o porquê da desvitalizarão da esfera publica, das
privatizações, das terceirizações no atendimento às crianças e aos
adolescentes, mesmo sabendo que estes mecanismos refletirão crucialmente na
qualidade de vida da população, da comunidade negra; não é difícil entender
porque da negligencia a respeito da infraestrutura dos espaços públicos, uma vez
que isto reflete, caoticamente, na população negra; não é difícil entender
porque não se investem na qualificação da saúde publica e na pesquisa, estudo e
capacitação no atendimento dos portadores da doença falciforme.
Mas toda denuncia pressupõe
um anúncio. E se, como afirmei no início, estas considerações são apenas parte
da verdade, entendo que a verdade toda deva ser construída na intersecção da
verdade de cada um e de cada uma. Entretanto, deixo algumas propostas, visando
uma intervenção que se legitime através da ação cotidiana, protagonizada por
todos e por todas envolvidos na defesa dos direitos das crianças e dos
adolescentes, em situação de vulnerabilidade, como:
-
criação de espaço permanente de formação em direitos humanos com enfoque
étnico/racial, com objetivo de promover o aprendizado dos processos estruturais
e institucionais que desfiguram, deformam e devastam a comunidade negra;
- busca
por políticas publicas ofensivas que criem mecanismos de sustentação e
enraizamento de espaços de reflexão e de intervenção qualificada nas questões
étnico-raciais, envolvendo crianças e adolescentes.
-
praticas que tenham uma abrangência organizativa, comprometidas com a mudança
social para todos e todas, garantindo o bem-estar das crianças e adolescentes
brasileiros.
______________________________________________________
Referência
Bibliográfica:
1.
MARTINELLI, Marillu. Ser é Ensinar. Programa de Educação para a Paz.
2.
INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇAO AOS DIREITOS HUMANOS. CEPIA, Rio de
Janeiro, set. 2001.
3.
CONVENÇAO DAS NAÇOES UNIDAS SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. UNICEF.
4.
BUENO, Sandrali de Campos. Se falhar, o que fazer? Considerações a respeito do
atendimento de crianças e adolescentes. Revista Comemorativa AFUFE, maio, 1993,
pag. 30-31.
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