EXCELENTISSIMO GOVERNADOR DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
DR. TARSO GENRO
Por Povo de Terreiro fica
compreendido o conjunto de mulheres e de homens que foram submetidos,
compulsoriamente, ao processo de desterritorialização, bem como de
desenraizamento material e simbólico, civilizatoriamente falando, de várias
partes do continente africano, cuja visão de mundo não maniqueísta e/ou
dicotomizada e por conta do rigor teórico da oralidade, ressignificaram, na
dispersão pela Américas, sua cosmovisão de forma amalgamada devido aos
elementos culturais invariantes, onde operaram, portanto, um “ativo
interculturalismo” que se (re) territorializou geotopograficamente, sob os fundamentos da xenofilia em que se
consubstanciou toda uma dinâmica intercultural e transcultural e que assim o é
no Estado do Rio Grande do Sul, como em todo o Brasil. ( Minuta : Artigo
Primeiro, parágrafo único)
Talvez
seja motivo de estranheza política para muitas pessoas o fato de estarmos
fazendo a entrega desta Minuta que propõe a criação do Conselho do Povo de
Terreiro. Porém nosso diálogo com este Governo, foi inaugurado e saudado no dia
21 de novembro de 2011, através da audiência com o Sr. Governador que saudou
nossas reivindicações , constituindo um momento simbólico e significativo no
Ano Internacional dos Afrodescendentes, sendo que a primeira reivindicação foi
atendida de pronto e em 20 de dezembro do mesmo ano assumíamos uma cadeira no
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio Grande do Sul.
Nós,
Povo de Terreiro, temos afirmado que o espaço do terreiro é a ressignificação
da universalidade, no sentido de acolher, em suas ações, toda a diversidade e
contradições da sociedade, que se expressam na transversalidade das políticas
que dialogam com toda comunidade.
Para
nós, a dimensão das políticas públicas tem um caráter de reparação civilizatória na busca da
equidade econômica, social , política e cultural e , essencialmente, de combate
ao racismo institucional.
Para
nós, a dimensão da política publica vai do direito à alimentação ao direito de
sentir prazer, o que nos leva ao processo de articulação com todos os segmentos
da sociedade, do Estado.
Para
nós, o desenvolvimento socioeconômico está intrinsecamente ligado à construção
e/ou reconstrução da premissa civilizatória africana da filosofia UBUNTU o que
significa que 'não podemos dar um passo a frente ou para o alto sem que toda a
comunidade de um passo à frente e ao alto'.
E é
por isso que estamos dando mais este passo ao entregar, às mãos do Governador,
o produto de um ano de discussão, elaboração e construção autônoma do movimento
social, de uma ferramenta que se expressa na concretude do conjunto das
comunidades do Povo de Terreiro.
Porto Alegre, 23 de novembro de 2012.
Conselheira Sandrali de Campos Bueno- Iyá Sandrali d' Osún
Nenhum comentário:
Postar um comentário