sábado, 24 de novembro de 2012

Entregando a Minuta



EXCELENTISSIMO GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
DR. TARSO GENRO

 Por Povo de Terreiro fica compreendido o conjunto de mulheres e de homens que foram submetidos, compulsoriamente, ao processo de desterritorialização, bem como de desenraizamento material e simbólico, civilizatoriamente falando, de várias partes do continente africano, cuja visão de mundo não maniqueísta e/ou dicotomizada e por conta do rigor teórico da oralidade, ressignificaram, na dispersão pela Américas, sua cosmovisão de forma amalgamada devido aos elementos culturais invariantes, onde operaram, portanto, um “ativo interculturalismo” que se (re) territorializou geotopograficamente,  sob os fundamentos da xenofilia em que se consubstanciou toda uma dinâmica intercultural e transcultural e que assim o é no Estado do Rio Grande do Sul, como em todo o Brasil. ( Minuta : Artigo Primeiro, parágrafo único)

Talvez seja motivo de estranheza política para muitas pessoas o fato de estarmos fazendo a entrega desta Minuta que propõe a criação do Conselho do Povo de Terreiro. Porém nosso diálogo com este Governo, foi inaugurado e saudado no dia 21 de novembro de 2011, através da audiência com o Sr. Governador que saudou nossas reivindicações , constituindo um momento simbólico e significativo no Ano Internacional dos Afrodescendentes, sendo que a primeira reivindicação foi atendida de pronto e em 20 de dezembro do mesmo ano assumíamos uma cadeira no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado do Rio Grande do Sul.
Nós, Povo de Terreiro, temos afirmado que o espaço do terreiro é a ressignificação da universalidade, no sentido de acolher, em suas ações, toda a diversidade e contradições da sociedade, que se expressam na transversalidade das políticas que dialogam com toda comunidade.
Para nós, a dimensão das políticas públicas tem um caráter  de reparação civilizatória na busca da equidade econômica, social , política e cultural e , essencialmente, de combate ao racismo institucional.
Para nós, a dimensão da política publica vai do direito à alimentação ao direito de sentir prazer, o que nos leva ao processo de articulação com todos os segmentos da sociedade, do Estado.
Para nós, o desenvolvimento socioeconômico está intrinsecamente ligado à construção e/ou reconstrução da premissa civilizatória africana da filosofia UBUNTU o que significa que 'não podemos dar um passo a frente ou para o alto sem que toda a comunidade de um passo à frente e ao alto'.
E é por isso que estamos dando mais este passo ao entregar, às mãos do Governador, o produto de um ano de discussão, elaboração e construção autônoma do movimento social, de uma ferramenta que se expressa na concretude do conjunto das comunidades do Povo de Terreiro.
                                    Porto Alegre, 23 de novembro de 2012.
 Conselheira Sandrali de Campos Bueno- Iyá Sandrali d' Osún

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