AO ENCONTRO DA CANÇÃO !
Há um provérbio que diz: "quem quer
cantar sempre encontra uma canção”. Pois bem: queremos cantar e fomos à
busca da nossa canção.
Nossa canção teve uma partitura escrita por várias autoras e autores.
Nossa canção surgiu do saber fazer, fazendo.
Nossa canção surgiu do respeito à ancestralidade, do
combate ao racismo, ao machismo e a todas as intolerâncias.
Nossa canção surgiu da luta e da solidariedade, da vida, da alegria, do prazer, do compartilhamento.
Nossa canção surgiu sob à inspiração do interesse
coletivo imbuído do espírito da reparação de séculos de opressão.
Nossa canção falou das liberdades e evocou a recomposição
civilizatória da sociedade brasileira e da própria humanidade.
Nossa canção surgiu nos umbrais da fidelidade ao projeto
político que ajudamos a construir mas que ainda não possibilita nos
enxergarmos além do espaço por traz das cortinas do palco.
Nossa canção surgiu da voz de quem acredita na recuperação do
processo civilizatório de um povo que se rearticula na diáspora e mantém
seus valores e princípios preservados.
Nossa canção
surgiu da voz de quem vivencia o real das condições de existência de
mulheres, homens, jovens e crianças, negros, brancos, índios em busca da
igualdade e do equilíbrio entre o que se foi o que se é e o que se deve
ser.
Nossa canção surgiu na voz, de uma mulher cuja
história nos revelou nossa própria história repleta de racionalidades e
afetividades construídas e desconstruídas no processo, profano-sagrado,
vivido - revivido na dança e no ritmo da coletividade.
Nossa canção se expressou em 5997 votos que embora não tenha feito eco
para que pudéssemos cantá-la no parlamento gaúcho, fortaleceu nossa
convicção no combate ao racismo e ao machismo.
Encontramos, sim, nossa canção. Cantamos e continuaremos cantando a
canção do Coletivo Reginete Bispo anunciando nosso protagonismo
prazeroso na ressignificação da formação política, enquanto ferramenta
difusora da solidariedade, da cooperação e da afirmação dos valores da
matriz civilizatória africana.
Out, 2014
Iya Sandrali d´ Osún,( Sandrali de Campos Bueno).
Espaço para idéias e ideais da minha mãe. Um lugar onde poderemos compartilhar dos seus pensamentos, daquilo que lhe alegra, daquilo que lhe indigna.. das coisas que ela ama, das coisas que ela pensa, das coisas pelas quais ela luta... É um espaço como a minha mãe, que não é só minha e da minha irmã mas é da Zélia,dos meus tios, das minhas primas, da família religiosa, do mundo... Winnie, filha da Sandrali.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
terça-feira, 7 de outubro de 2014
O preço moral de uma candidatura de mulher. E se for de uma mulher negra?
Por Sandrali de Campos Bueno
Ser
mulher e atuar no campo político é um desafio gigantesco. Ser mulher, negra, de
esquerda, atuando na política é um desafio ainda maior. Durante este processo
eleitoral, fomos capazes de verificar, mais uma vez, a grande necessidade de
construir cada vez mais figuras públicas femininas e negras que sejam
porta-vozes das nossas demandas. Contudo essa construção é árdua e só é
possível na coletividade, pois lidamos com as adversidades de carregar essas
pautas em um país marcado por todos os tipos de conservadorismos e resistências
ao avanço das mulheres.
Essas características se verificam quando percebemos que o deputado federal mais votado em nosso estado está na contramão de todos aqueles que defendemos e de toda a política que entendemos como necessária para a construção de uma sociedade radicalmente igualitária. Um homem, branco, representante dos setores mais reacionários do estrato social gaúcho. Um homem que não hesita em promover um discurso de ódio aos quilombolas, indígenas, sem-terra, gays e lésbicas. Um homem que não se arrepende de proferir, em espaços públicos, opiniões preconceituosas que incitam cada vez mais o sem fim de ataques à vida e aos direitos dos negros, negras, mulheres, lgbt´s e povos originários.
Os números de votos destinados para deputados de direita, com discursos altamente reacionários, exigem que tenhamos uma mudança de postura dentro dos movimentos sociais e dos partidos políticos de esquerda. Exigem que passamos a refletir sobre a forma que, muitas vezes, colocamos pessoalidades acima da construção política e das possibilidades concretas de avanço e consolidação daqueles e daquelas que vocalizam nossas pautas. Exigem o fortalecimento do combate aos discursos e práticas sexistas, racistas, homofóbicas, de forma intransigente e incansável. Exigem a soma dos nossos esforços em ampliar cada vez mais as fileiras de lutadores e lutadores pela radicalização dos direitos de todos. Exigem que sejamos mais nós para desatarmos nós.
A luta segue, no cotidiano, contra nossos inimigos comuns e cada vez menos contra nós mesmos.
Saudações para quem tem coragem, fibra e garra. Saudações para a ancestralidade, saudações para quem não cansa de lutar.
Essas características se verificam quando percebemos que o deputado federal mais votado em nosso estado está na contramão de todos aqueles que defendemos e de toda a política que entendemos como necessária para a construção de uma sociedade radicalmente igualitária. Um homem, branco, representante dos setores mais reacionários do estrato social gaúcho. Um homem que não hesita em promover um discurso de ódio aos quilombolas, indígenas, sem-terra, gays e lésbicas. Um homem que não se arrepende de proferir, em espaços públicos, opiniões preconceituosas que incitam cada vez mais o sem fim de ataques à vida e aos direitos dos negros, negras, mulheres, lgbt´s e povos originários.
Os números de votos destinados para deputados de direita, com discursos altamente reacionários, exigem que tenhamos uma mudança de postura dentro dos movimentos sociais e dos partidos políticos de esquerda. Exigem que passamos a refletir sobre a forma que, muitas vezes, colocamos pessoalidades acima da construção política e das possibilidades concretas de avanço e consolidação daqueles e daquelas que vocalizam nossas pautas. Exigem o fortalecimento do combate aos discursos e práticas sexistas, racistas, homofóbicas, de forma intransigente e incansável. Exigem a soma dos nossos esforços em ampliar cada vez mais as fileiras de lutadores e lutadores pela radicalização dos direitos de todos. Exigem que sejamos mais nós para desatarmos nós.
A luta segue, no cotidiano, contra nossos inimigos comuns e cada vez menos contra nós mesmos.
Saudações para quem tem coragem, fibra e garra. Saudações para a ancestralidade, saudações para quem não cansa de lutar.
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