Espaço para idéias e ideais da minha mãe. Um lugar onde poderemos compartilhar dos seus pensamentos, daquilo que lhe alegra, daquilo que lhe indigna.. das coisas que ela ama, das coisas que ela pensa, das coisas pelas quais ela luta... É um espaço como a minha mãe, que não é só minha e da minha irmã mas é da Zélia,dos meus tios, das minhas primas, da família religiosa, do mundo... Winnie, filha da Sandrali.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Trinta e dois dias já se passaram...
Talvez poucos se dêem conta do que perderam. Não foi só o Babalorixá, o Pai de Santo que retornou à casa mítica . A nação Cabinda perdeu um baluarte: uma enciclopédia da matriz africana, uma sabedoria , se foi com Ele. Muitos serão os ditos e os des-ditos, mas poucos dirão a verdade, a não ser aqueles que puderem afirmar, como Ele afirmava: "eu vi, eu estava lá...".
Que nosso amor por Ele sirva de elemento para preservar aquilo que nos foi ensinado, dignifcando e nos fortalecendo contra as maledicências e as traições.
Gbogbo àse.
(força energia para todos)
Iyalorixá Sandrali d'Osun
domingo, 4 de dezembro de 2011
Escrito a um ano atras...
Pelotas, 04 de dezembro de 2010.
Aos Companheiros da Setorial de Combate ao Racismo.
Bem, aqui estou eu refletindo sobre a
possibilidade da construção de uma sociedade gerenciada pela alma e onde a
solidariedade tenha o poder de influenciar nas estruturas sociais de forma
ágil, simples e eficiente. E tudo isto feito através do Amor, da Competência,
da Paixão pelo Saber, da Generosidade, da Solidariedade de cada um e cada uma
dos que acreditam neste sonho e ajudam a torná-lo possível.
Eu tenho paixão pelo
trabalho e levo a sério a confiança que depositam na minha competência. Mas
gosto da simplicidade e detesto disputa desqualificada. Prefiro escrever a
falar, prefiro ser a ter, prefiro conquistar a disputar, prefiro a construção
nos bastidores ao show no palco.
Embora meu agir possa criar a idéia de
complexidade devido à minha circularidade, meu jeito de pensar
estratégias é simples e se baseiam em três premissas: - disciplina prazerosa
pelo trabalho de servir o melhor cardápio que aprendi a fazer, - crença
inabalável naquilo de melhor que o Outro tem a contribuir - disputar
apenas aquilo que conduz à Unidade.
A escrita sempre foi meu melhor instrumento de
denuncia e de anuncio e, quanto maior minha indignação, maior minha produção. Sou boa nisto, tenho
dificuldade no discurso improvisado.
Vim para Pelotas em mil
novecentos e noventa e nove, magoada pela forma como alguns companheiros,
ligados ao movimento negro lidaram com a disputa pelos espaços no Governo
Olívio Dutra. Não souberam enxergar-me
como um quadro político que acima de tudo ama o que faz e não tolera atitudes
maquiavélicas e perversas, muito menos traição de irmãos. Afastei-me da
política partidária, sem, no entanto, me desfiliar do PT.
Durante estes doze
anos, eu estava quieta no meu espaço trabalhando com meus adolescentes em
conflito com a lei, tentando fazer cumprir o ECA na execução da medida
sócio-educativa de privação de liberdade, embora sabendo que a Fase estampa o
fracasso da sociedade no trato de suas crianças e adolescentes e da violência
estruturalmente construída
Plantei meu axé em
Pelotas e disto cuidei muito bem. Minha
militância passou a ser a luta contra a intolerância religiosa, sem fazer
estardalhaço, nem uso da política partidária. Aquietei meu coração, mas
continuei a sonhar com uma sociedade solidária, ética e, por si só,
igualitária.
Dediquei-me, então, a cuidar da
formação das minhas filhas, pois elas são o maior presente que Deus me deu e
se, na infância delas, a política e o trabalho as privou da minha presença mais
próxima, quantitativamente, na sua adolescência resolvi que o cuidado a mim
cabia como presença afetiva e efetiva e, muitas vezes incomodativa, pois
jamais admiti que elas me dissessem: não te metas na minha vida. Meti-me
e muito... O resultado disto é que uma está cursando Psicologia, quer fazer
mestrado, doutorado e por aí... E a outra depois de cursar três anos de Agronomia,
fez o ENEM, está cursando Direito e aos vinte e dois anos ingressou na
política. As duas também são ialorixás comprometidas com a causa contra a intolerância
religiosa. As duas me tem como confidente, como conselheira, como sustentáculo,
como referencial, como alguém a seguir. Isto representa a síntese de mim mesma e é
tudo que qualquer mãe poderia desejar: padecer neste paraíso e dar-se conta que
valeu a pena, que cumpriu sua missão e devolve para o Mundo sua dedicação
simples e digna de um Prêmio Nobel.
Em julho, fui a Porto Alegre para receber uma homenagem,
levando com prazer e muito orgulho minha filha Winnie que já estava em campanha
eleitoral. Eu estava feliz com o reconhecimento como liderança feminina, com a
indicação feita pela Lanna Campos, pessoa que me introduziu nas comunidades,
como Morro da Conceição, Vila Cruzeiro, Restinga. Lanna me falou: "Teu
chefe virá neste evento e quer falar contigo", referindo-se a Tarso Genro
com quem tive a honra de trabalhar, no seu primeiro governo na Prefeitura de
Porto Alegre.
Durante o evento, emocionei-me
ao rever companheiras e companheiros de militância. Emocionei-me com a fala do
Julio Quadros que declarou que havia votado em mim quando candidata a
vereadora. Emocionei-me quando vi José Reis, meu fiel escudeiro e coordenador
da minha campanha.
O então candidato a Governador,
Tarso Genro, ao cumprimentar-me, abraçou-me e me falou, ao pé do ouvido: "A
Sandra disse que acha que desta vez esse negócio vai dar certo e mais uma vez lembrou-se
de ti para ocupar o espaço, tradicionalmente ocupado pela primeira dama, como
foi na prefeitura". Eu sorri e respondi:- Diga a ela que por ela eu volto
para Porto Alegre e aceito a incumbência.
Logo depois falei com Zé Reis e
contei o fato. Ele me disse: "Bom, é um convite. Este é um momento
diferente daquele que enfrentaste na Prefeitura. Estás afastada, mas agora
estás sendo convidada independente de
indicação do movimento ou núcleo".
Depois, em agosto, veio a
coordenação da mesa do evento Diálogos para Promoção da Igualdade Racial, no
Satélite Prontidão, com a presença do Ministro Elói e do Senador Paulo Paim. Na
discussão de como seria a composição da mesa houve, para variar,
questionamentos quanto à representatividade. Falei que todos nós trazemos
conosco uma ancestralidade e isto, por si só, já corresponde a uma
representatividade incontestável; por outro lado eu estava ali para contribuir
e não haveria qualquer constrangimento em abrir mão da coordenação da mesa. A companheira
Lanna num dado momento pontuou sobre o fato de Tarso Genro ter solicitado que a
mesma me convencesse a voltar para Porto Alegre a fim de estar no Gabinete da
Primeira Dama. Zé Reis se inscreveu é apontou que não era o
momento, pois precisávamos primeiro ganhar o Governo e tínhamos que ter cuidado
para não queimar nomes. Outro companheiro pontuou que havia outros nomes para
ser consultados, talvez com mais representatividade. A questão gerou constrangimento e eu falei
que não autorizava ninguém, nem mesmo a Lanna, por quem tenho estima e uma
relação afetiva (sou madrinha do filho dela), a colocar meu nome em qualquer
espaço, principalmente porque eu já sofrera bastante com a experiência do MAPA;
eu estava ali preocupada com a eleição do Paim, pelo que ele representava para
nós. Depois disto começamos a organizar propriamente dito o cerimonial do
encontro.
Quando Tarso chegou, Zé Reis
falou a ele que já estava havendo "tititi" em relação ao meu nome. “Tarso
me deu um abraço fraterno e disse: Quem escolhe sou eu, pois sou eu que terei
que carregá-la”.
Bem, a fala de Tarso foi ouvida por todos que ali
estavam presentes onde ele citou-me e cutucou-me, falando do meu trabalho a frente
do Mapa.
Bem, dali em
diante, segui, cumprindo as orientações, como militante e com a disciplina e
discrição que me caracterizam. E algumas pessoas acompanharam meus movimentos e
trabalho de formiguinha durante a campanha. Com o Caderno do Programa de
Governo, embaixo do braço, busquei o comprometimento, de cada candidato, com as
nossas questões, que ali, no Caderno, estavam contempladas, fruto do trabalho
desta Setorial. E a minha fala era a seguinte: - Fulano de tal tem uma cara
preta e está fazendo campanha pra te eleger. Tudo bem, mas nós queremos que, se
fores eleito ou eleita, não te esqueças de defender as questões que nos contemplam.
Queremos o teu compromisso com a nossa causa-.
E assim fui indo, independente de corrente, mas respeitando as demandas
oriundas desta Setorial, através do contato com a Sandra Maciel. E porque a
Sandra? Porque eu respeito as instâncias partidárias e seus dirigentes. Penso
que, se nós não respeitarmos o que nos mesmos construímos, não poderemos exigir
que nos respeitem.
Em outro momento
consultei a Reginete Bisbo também movida pela relação de respeito,
solidariedade e confiança.
Eu sou assim, não tenho culpa que algumas
pessoas não consigam me ver assim, como realmente sou. Valorizo a fidelidade e
não aceito traição. Respeito as instâncias partidárias e deixei explícito que
não vim para disputar qualquer espaço porque não me disponho a isto, não quero
isto pra mim. Apenas aceitei um convite do então candidato ao Governo do
Estado. E se ele, o Governador, assim
quiser, eu estarei disponível para o que der e vier, mas preservando-me contra
a maledicência e a incompetência.
Nos últimos dias, participei (com a
legitimidade que minha trajetória e minha ancestralidade me conferem na luta
contra as intolerâncias e o racismo) de três momentos de construção de nomes e
indicações de espaços para dar conta das nossas demandas. E atrevo-me a fazer
minhas considerações fraternas a respeito deste processo: penso que devemos rever
nossos métodos para que não haja desconstituição do processo de luta. Não
podemos perder a referência de quem somos e não podemos ser insanos e escolher
o lugar de perdedores enquanto coletivo. Não podemos gastar energia no lugar
errado. Nossa energia tem que estar voltada para a construção de políticas públicas
para nosso povo, políticas que dêem conta das demandas da comunidade negra. Não
temos o direito de desconsiderar o sonho de milhares de pessoas que nos tem
como referência.
Axé e grata pelo apoio.
Sandrali de Campos Bueno
sábado, 3 de dezembro de 2011
Neste ano o Natal foi complicado...mas ainda assim valeu a luta
E que Natal complicado...
Sandrali,
A dimensão da crença na possibilidade de mudança de estruturas está relacionada diretamete com a nossa capacidade de suportar os recuos.
Algumas pessoas com o seu viver exemplificam a luta.
É bom te ter guerreira e forte nessa luta. É muito bom te ter como amiga.
Que em 89 nossos recuos não precisem ser tantos como em 88 e que consigamos em nossa fragilidade n8os mantermos fortes na crença .
Com carinho.
Natal/88
Sandrali,
A dimensão da crença na possibilidade de mudança de estruturas está relacionada diretamete com a nossa capacidade de suportar os recuos.
Algumas pessoas com o seu viver exemplificam a luta.
É bom te ter guerreira e forte nessa luta. É muito bom te ter como amiga.
Que em 89 nossos recuos não precisem ser tantos como em 88 e que consigamos em nossa fragilidade n8os mantermos fortes na crença .
Com carinho.
Natal/88
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Um Natal com arte...
De Maria aprendi que a arte liberta...
Quando fui procurar não tinha mais, o barquinho de crianças, mas essa bela criança quebra o galho. Não retrata na forma a criança brasileira, mas o conteúdo lembra. Tens um belo trabalho pela frente és de uma força interior que garante e muito o processo de mudança. Que 88, venha cheio de mais esperança, crença e amor. Caso não venha, faremos isto de qualquer forma. As brechas estão aí pra isso.
Dez/1987
Maria Rita
Quando fui procurar não tinha mais, o barquinho de crianças, mas essa bela criança quebra o galho. Não retrata na forma a criança brasileira, mas o conteúdo lembra. Tens um belo trabalho pela frente és de uma força interior que garante e muito o processo de mudança. Que 88, venha cheio de mais esperança, crença e amor. Caso não venha, faremos isto de qualquer forma. As brechas estão aí pra isso.
Dez/1987
Maria Rita
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Escrito em um cartão de Natal
Este veio de Miriam França.
"Ser livre é poder se dizer o que se pensa, sem usar o famoso 'jogo de cintura';
ser livre é estar aberto para conhecer e sentir as pessoas a volta;
ser livre é amar, brigar, xingar, e lutar por um mundo mais digno e sincero.
Um dia seremos livres. É com pessoas como tu que iremos construir este paraíso de liberdade .
Obrigada por teres assumido o papel de ouvidor que tanto te exigi.
Continua digna.
Dez/1988.
"Ser livre é poder se dizer o que se pensa, sem usar o famoso 'jogo de cintura';
ser livre é estar aberto para conhecer e sentir as pessoas a volta;
ser livre é amar, brigar, xingar, e lutar por um mundo mais digno e sincero.
Um dia seremos livres. É com pessoas como tu que iremos construir este paraíso de liberdade .
Obrigada por teres assumido o papel de ouvidor que tanto te exigi.
Continua digna.
Dez/1988.
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