por Iyá Sandrali de Oxum
Hoje eu quero falar da Saudade de um orixá. Eu quero falar da saudade e do congratular-me com a lembrança de ter sido iniciada por um filho de Oxum Pandá Miuwá. Eu quero falar da saudade de alguém, que não era rei nem majestade, mas era alguém real, cuja realeza se evidenciava na dança e nos passos, no corpo de um homem transformado em uma deusa, no salão do terreiro da 21 de Abril. Eu quero falar do sentimento, ainda doído, da constatação de que hoje, mesmo sendo dia 26 de maio, não é um dia festivo, mas apenas um dia de encontro com a lembrança e com o aperto que a saudade traz no coração e na alma. Saudade do canto e da dança de Oxum Pandá Miuwá. São cinco anos de ausência festiva, cinco anos que deixamos de nos jogar ao chão em respeitosa saudação a Oxum Pandá Miuwá, a Senhora Mãe dos Mais Necessitados, aquela que nasceu nas nascentes das águas mais cristalinas, transformando-se nos rios que correm ao encontro do mar. Cinco anos em que nosso Rio ficou caudaloso pelo acumulo de lágrimas, de desconfortos, de pedras jogadas sobre nossa dor, de desencontros em afetos tristes e de lama causada pela incompreensão e o desamor . Cinco anos de luta pela preservação do que de belo existe na manutenção da energia vital que nos une ao manto mítico da ancestralidade : somos todos e todas filhos e filhas da mesma Mãe. 26/05/2016.